Uma máxima nos cenários de crise: enquanto a maioria chora, alguns vendem lenços. Pois é, então o negócio é se preparar pra vender os benditos.

O que se procura em momentos de crise? Em que pessoas e empresas estão dispostas a investir em épocas de vacas magras? Via de regra, produtos de baixo custo e alto valor. Infelizmente, é quase certo que seu produto não se encaixe nessa categoria.

A cadeia alimentar do mercado, assim como na natureza, aproveita os dilúvios, os cataclismas, pra selecionar os que melhor se adaptam. Seriam os maiores, mais fortes? Muito provavelmente, não. Exemplo nojento, mas válido, as baratas resistiram bravamente a diversas intempéries pelas quais o planeta passou.

Então, por analogia, aqueles que têm menor necessidade de recursos para sobreviver podem se dar bem. Uma empresa que aprendeu a identificar claramente sua cadeia de valor e dividi-la, terá melhores condições de não somente sobreviver como crescer na adversidade. Aquela que transformou seu dinossauro em várias baratas.

Menores unidades de negócio são mais ágeis. Especializar sua linha de produção, por exemplo, pode acarretar menores custos, impactando de maneira mais leve a empresa em uma mudança de rumos. Tanto em custo quanto em risco, devido à facilidade de implementação que um processo gradual permite.

Pense nisso. Será que não é o momento de repensar seu negócio? Sua empresa não seria mais resistente a esses momentos se a estrutura não fosse tão engessada?

E pense muito bem, pois, mesmo com uma dinâmica de produção pouco ágil, sua empresa pode conseguir atravessar a crise. Mas imagine se pudesse ter ajeitado o leme mais facilmente. A crise então teria se transformado, realmente, em uma oportunidade.

Além disso, reserve forças para investigar seus processos nos momentos em que estiver produzindo com 100% de sua capacidade, em uma maré mais favorável. Quanto mais enxuto o processo, menor a necessidade de recursos, menor seu custo. Isso será muito útil em um possível cenário adverso. O ideal é manter unidades menores com processos revisados e custos reduzidos.

Até porque, é provável que seu negócio tenha que se reinventar para descobrir qual seria o “lenço” da vez, algo alternativo que também acabe com o choro.

Vender lenços já tá muito manjado.


Carlos Eduardo do Nascimento é consultor de T.I., gestão e negócios. Escritor, poeta e cronista, autor do livro “Sorve o verso, sopra a prosa”, de onde foi extraído este texto (pág. 181).

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