A atuação da engenharia estrutural em ambientes marinhos exige soluções altamente técnicas para enfrentar os efeitos agressivos da maresia e da salinidade sobre estruturas de concreto e aço. Em regiões litorâneas, a combinação de umidade constante, vento salino, variação térmica e cloretos acelera processos de corrosão e deterioração precoce, comprometendo a segurança e a durabilidade das edificações.

Neste cenário, projetar com foco em proteção contra corrosão e mitigação de danos estruturais não é uma opção — é uma exigência técnica.

Agressividade da maresia: um desafio para estruturas

A salinidade típica de ambientes costeiros atinge diretamente estruturas metálicas e de concreto armado, intensificando fenômenos como:

  • Corrosão das armaduras, que compromete a integridade do concreto;
  • Carbonatação acelerada, reduzindo o pH e diminuindo a proteção natural das armaduras;
  • Ataque químico por cloretos, que rompe a passividade do aço;
  • Perda de aderência entre os materiais, causando fissuras e infiltrações.

Além disso, a umidade constante e os ciclos de secagem e molhamento aumentam a movimentação dos íons salinos e aceleram o desgaste.

Estratégias para proteção estrutural em ambientes marinhos

Para enfrentar esses desafios, a engenharia estrutural lança mão de diversas soluções de proteção e durabilidade, entre elas:

1. Concreto com baixa permeabilidade

  • Uso de aditivos impermeabilizantes e pozolanas ativas;
  • Controle da relação água/cimento e cura adequada para evitar microfissuras;
  • Concretos de alto desempenho com resistência elevada à penetração de cloretos.

2. Revestimentos protetivos

  • Aplicação de tintas epóxi ou poliuretânicas para estruturas metálicas;
  • Galvanização a fogo para peças expostas;
  • Membranas de proteção para lajes e superfícies horizontais.

3. Materiais resistentes à corrosão

  • Emprego de aços inoxidáveis, galvanizados ou com proteção catódica;
  • Utilização de ligas especiais em componentes estruturais críticos;
  • Combinação de aço com materiais compósitos em ambientes severos.

4. Detalhamento de projeto e manutenção

  • Projetos com sistema eficiente de drenagem e escoamento da água;
  • Evitar pontos de acúmulo de umidade em vigas e pilares;
  • Planejamento de manutenção preventiva, inspeções periódicas e registros técnicos de desempenho.

Normas técnicas e diretrizes para ambientes agressivos

O uso de boas práticas na engenharia estrutural deve seguir diretrizes rigorosas. Entre as principais normas brasileiras aplicáveis, destacam-se:

  • ABNT NBR 6118 – Diretrizes para projeto e dimensionamento de estruturas de concreto;
  • ABNT NBR 14931 – Regras para execução de estruturas de concreto;
  • ABNT NBR 15575 – Desempenho global de edificações habitacionais.

No âmbito internacional, a norma ISO 12944 fornece parâmetros importantes para proteção anticorrosiva de estruturas metálicas.

Inovações que elevam o desempenho estrutural

A engenharia está em constante evolução. Entre as tendências em projetos para ambientes marinhos, ganham destaque:

  • Modelagem BIM com simulações de durabilidade e corrosão;
  • Monitoramento com sensores de umidade, salinidade e deformação;
  • Uso de nanotecnologia em aditivos e revestimentos para aumento da vida útil;
  • Integração de estratégias de infraestrutura resiliente e sustentável em obras costeiras.

Conclusão: engenharia com foco em longevidade e desempenho

Projetar em ambientes marinhos requer um olhar especializado e multidisciplinar. Desde a especificação dos materiais até o planejamento da manutenção, tudo deve ser pensado para enfrentar os efeitos da maresia, garantindo segurança estrutural e durabilidade no longo prazo.

Ao adotar soluções inteligentes e normatizadas, é possível ampliar a vida útil das estruturas, reduzir custos com reparos e contribuir para o desenvolvimento urbano sustentável em regiões litorâneas.


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